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quinta-feira, 3 de março de 2011

Um índio - Caetano Veloso



Um Índio

Caetano Veloso

Composição: Caetano Veloso

Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito

(Refrão)

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio

“Um índio”, traz à baila novamente a ideia dum índio idealizado. Desta vez, o herói descerá do céu e surpreenderá a humanidade. Na letra da música, encontramos referência a Peri, personagem de O Guarani, obra de Alencar. As estrofes três e quatro atribuem inúmeras qualidades ao índio, dado que invoca a impavidez do famoso pugilista Muhammed Ali e a infabilidade do lutador/ator chinês Bruce Lee.

Para findar, é importante dizer que a letra de “Um índio” dialoga muito bem com as obras românticas oitocentistas.


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